Thursday, October 21, 2010

Vencer

 
 
Por ser um dos mais importantes actos humanos, decidi divagar, ligeiramente, sobre o conceito de vencer.
Para os menos atentos, vencer limita-se ao rotineiro ritual de atribuir medalhas, de matéria circular, inodora e ornamental sobre o pescoço calejado de congratulados de um qualquer feito, por menos insignificante que seja.
Só ganhei uma medalha na vida, mas para mim não passa de um objecto. Prefiro triunfar no anfiteatro do amor, aquele sentimento tenebroso, Adamastor, “fofinho” e pateticamente certo.
Tropeço no eterno abraço da tua simpatia e no infinito beijo do teu cheiro. Percorro temporais de solidão, longe de ti, sabendo que as saudades e a certeza evitarão que o meu peito expluda com o vazio de não te ter. A minha memória fotográfica de cada traço do teu rosto perplexo e de cada linha acentuada do teu corpo aumentam a fome de te devorar platonicamente no encalce do teu amor.
Sou exposto pela criação do décimo mês do vigésimo sétimo dia de Escorpião, cujo veneno doce perdura na minha alma alimentada pelo teu riso heterogéneo, angelical e sarcasticamente escaldante. Procuro nos aromas dos sentidos um rasto, por mais escasso que seja, do nosso faro.
Aguardo-te como quem sabe que um dia alcançará o pódio da vida.
Sem medalhas. Sem louros. Sem pódio.
Tudo menos a tua ausência.

1 comment:

Andreia Silva said...

Muito bonito o que escreveu e tenho a certeza pela maneira como utilizou as suas palavras irá vencer esse seu objectivo.