Wednesday, June 17, 2020

Cinzas

Está quente. Esse frio aquece. Esse riso de lume de magma, lava escaldante e fogo gélido. És a fénix, renascida das cinzas, que cinzas mesmo? A ave mítica, pura lenda, história de embalar para pequenos e assombrosa para os adultos. És mais do que um pássaro. Um porta-asas ambulante. És de Camões, ardes sem se ver. O cego não precisa ver, basta sentir. As brasas desse calor. Desse mito que me tira do sono. Está frio. Esse calor esfria. Restam-se as cinzas.

Esboço

Por entre pensamentos partimos em busca da saudade, do risco e da teimosia, como se de uma pintura abstracta, vívida e berrante se tratasse. Isolamo-nos tanto mental como fisicamente na rochosa ilha da nossa timidez extrovertida e da nossa fauna floreada. Somos ao mesmo tempo o céu e o mar, uma noite estrelada vigiada pela lua, senhora e dona, menina e moça. Vivemos ansiosos, morrendo de fome da atenção patética dos instas dos books, dos toks e os seus tiks. Esquecemos do que importa. De quem importa. De mim. De ti. Das palavras. Dos fonemas. Dos 5 minutos tornados 8 quiçá 10 ou 12. O céu é o limite. Guardado pela lua, que embeleza as águas daquela ilha que é minha, no quadro que é teu, na pintura que é nossa.

Saturday, August 29, 2015

32 F

Um acumular de verbos teimosos faz parte de qualquer escritor. Quer seja um veterano de uma guerra drástica com a munição do seu léxico, ou um mero faz-de-conta como eu. A real diferença é que este nunca foge de um desafio apocalíptico em que, sobre pressão, é levado a construir um emaranhado de ideias soltas e irracionais. Tudo começa com a vontade, sempre vazia, da qual teimo em encher com o que invariavelmente culminará num caos de nada. O nada é sempre mais simples, sempre mais puro, sempre mais óbvio. Não complico porque sou complicadamente linear, de fácil leitura e de óbvia percepção. Apaixonar-me é o limite, a barreira invisível que me arrasta para o lado dos vivos, dos desapaixonados e dos racionais. Não sou um anormal, embora me atraíam os renegados da sociedade, os que buscam no nirvana uma ligação espiritual com o mundo intermédio. Adoro o frio, o calor faz-me mal, deixa-me sem ar, aumenta os meus batimentos. O gelo queima suavemente mas leva a que tudo passe mais lentamente – quer bom quer mau. Sou repentino, como este texto que culmina agora. O objectivo era marcar, não pela diferença. Apenas marcar.

Wednesday, March 28, 2012

Doce Epopeia


Se fosse cavaleiro na vida real
Ia te salvar de todo o mal
A minha armadura ofuscaria o luar
Por montes e vales para te encontrar

Se por ventura surgisse um dragão
Teimoso ao ponto de morder-me a mão
Pegava na espada de firme maneira
Que nunca mais armava tal brincadeira

Coragem e bondade são o meu lema
Para te conquistar tocava um tema
Na minha guitarra de madeira oca
Depois sem pensar beijava-te a boca

As fadas madrinhas seriam o coro
Muito emocionadas, era só choro!
O mundo encantado não é só no papel
Amo-te princesa, és o meu mel.

Saturday, December 11, 2010

Onde está o Sr. Farinha?

- Roubaram a farinha! - balbuciou o agente Chaleira, estupefacto pelo enigma em causa.

Desde que foi promovido do departamento da mesinha de crianças que este perspicaz e tenacioso agente de autoridade não havia presenciado tal angustiante ocorrência.

- Não é possível! - retorquiu o pançudo, mas não menos suculento, Rei Chocolate que, ao saber desta notícia, quase que perdia metade das suas calorias.

No reino das farturas, tudo funciona como um relógio, de cuco doce, em que cada elemento da corte, da plebe, e até do clero, sabe precisamente que ingrediente atribuir a casa ocasião.

Após um extenso interrogatório, presidido pelos praças Chip e Chop, com mania de saborosos mas que no fim não passam de um derivado de vacas magras, concluiu-se que o Sr. Farinha não foi roubado, mas sim sequestrado!

- E os bolos tenebrosamente aromáticos de deixar água na boca?!
- E as bolachinhas de círculos perfeitos e padrões apetitosos?!

Todos estavam em choque porque sem a farinha nada é possível. Sem o seu toque de mestre culinário, tudo fica sem sabor, sem graça, sem magia!

- A minha barriga não vai parar de rosnar como uma máquina de lavar entupida! - gemeu dramaticamente a Miss Crocante, antecipando o fim da calorosa e amistosa crocantice do seu ser.

Numa odisseia imprevisível por vales de lambarices, decidiram todos, de mãos pegajosamente açucaradas, procurar o elemento que lhes faltava. Deu-se início à busca do Sr. Farinha.

Thursday, October 21, 2010

Vencer

 
 
Por ser um dos mais importantes actos humanos, decidi divagar, ligeiramente, sobre o conceito de vencer.
Para os menos atentos, vencer limita-se ao rotineiro ritual de atribuir medalhas, de matéria circular, inodora e ornamental sobre o pescoço calejado de congratulados de um qualquer feito, por menos insignificante que seja.
Só ganhei uma medalha na vida, mas para mim não passa de um objecto. Prefiro triunfar no anfiteatro do amor, aquele sentimento tenebroso, Adamastor, “fofinho” e pateticamente certo.
Tropeço no eterno abraço da tua simpatia e no infinito beijo do teu cheiro. Percorro temporais de solidão, longe de ti, sabendo que as saudades e a certeza evitarão que o meu peito expluda com o vazio de não te ter. A minha memória fotográfica de cada traço do teu rosto perplexo e de cada linha acentuada do teu corpo aumentam a fome de te devorar platonicamente no encalce do teu amor.
Sou exposto pela criação do décimo mês do vigésimo sétimo dia de Escorpião, cujo veneno doce perdura na minha alma alimentada pelo teu riso heterogéneo, angelical e sarcasticamente escaldante. Procuro nos aromas dos sentidos um rasto, por mais escasso que seja, do nosso faro.
Aguardo-te como quem sabe que um dia alcançará o pódio da vida.
Sem medalhas. Sem louros. Sem pódio.
Tudo menos a tua ausência.

Wednesday, December 23, 2009

Eu, a morte



É mais uma noite provocante e gelada no meu reino obscurecido do submundo, onde nada entra, não por não o desejar mas porque tudo foge de mim com uma espontaneidade reflexa e natural. Havia um tempo em que as minhas prioridades eram óbvias e boas, contudo, partilhava essas prioridades comigo mesmo. Jamais fui e sou prioridade de outrem, jamais sou desejado, amado, querido, admirado, venerado e digno de sacrifícios. Pus tanta esperança num ser de esterco, como o é o ser humano, que a queda foi tão grande e irrecuperável que morri.
Agora estou sozinho, com o coração em fragmentos aguçados, que me perfuram os membros já dilacerados por tramas e conspirações indecifráveis. Eu, a morte, vivo neste local solitário e de lágrimas infinitas, longe dos risos e da felicidade de um mundo que me deixou à parte e me ignorou com uma tal convicção que não tive força para argumentar.
Deixo este texto, como resposta a tudo e todos que tentaram salvar a minha alma condenada e aos que ajudaram na sua convicção. Obrigado por tudo, bom e mau. Embora esteja morto psicologicamente, ainda aguardo a minha morte humana. Como não tenho prazo para que aconteça, despeço-me já, porque no fundo sinto que na última hora será demasiado tarde.
Vivam bem, mas cuidado com as prioridades: elas nunca coincidem.

Tuesday, November 03, 2009

Contradições

O que é ser nobre?
Será um título hierarquizado
Ou um posto estereotipado?

O que é ser culto?
Será a junção da sabedoria
Ou uma simples anomalia?

O que é querer?
Uma vontade impulsiva
Ou um anseio irrefutável?

O que é gostar?
Um afecto impensável
Ou uma sensação adorável?

O que é desejar?
Um capricho do mimado
Ou um dom jamais falado?

O que é pensar?
Recordar os teus actos
Ou perder-me nesses factos?

O que é sonhar?
Adormecer feliz
Ou rir sempre que sorris?

O que significam estes versos?
Que gosto de ti
Que fazes parte dos meus pensamentos,
Dos meus sonhos, da minha sabedoria,
Do meu afecto, da minha alegria.
Em suma, fazes parte de mim,
Logo não consigo, nem quero, me desprender de ti.
Obrigado por aqueceres este espaço,
Habitado pelo meu coração

Tuesday, October 27, 2009

Filosofias


“Sou o que sou”. Sempre achei esta expressão um cliché de muito mau gosto, um pouco como o vulgar “Quem espera sempre alcança” ou o “Quem espera desespera”. Todos sabemos que esperar é inútil, alcançar algo é surreal e desesperar é algo intrínseco ao idiota do Ser Humano. Somos o que somos porque somos diferentes mas iguais. Diferentes geneticamente, mas iguais na parvoíce e ignorância que é viver. Passamos as nossas vidas numa infindável e ambiciosa busca por algo que não existe: a compreensão. Seguimos pela vida sendo simpáticos porque pensamos que a amizade é a salvação dos nossos problemas e que estes realmente se importam connosco. Passamos anos escondidos na nossa timidez em vez de arriscar falar com a moça de quem gostamos, para, anos depois, sabermos que ela afinal também gostava de nós. Não brigamos porque não queremos confusões, não bebemos porque não queremos ir para o hospital, não fumamos porque não queremos ficar alucinados, não rimos porque gozam de nós. Vivemos num mundo de moralidades descabidas e não passamos de máquinas imperfeitas. Aliás, não somos máquinas porque sentimos e sentir é ser FRACO. Gostar deixa-nos fracos, irracionais e distraídos com o mundo. Ficamos com a egocêntrica sensação de que tudo gira à nossa volta e que tudo é perfeito numa encenação multimilionária enfeitada pela nossa mente. Eu próprio sou fraco, porque penso, porque sou diferente do resto do mundo e questiono tudo e todos. Sou honesto, directo e conveniente. Sou o que sou porque gosto de sê-lo e mereço ser assim. O resto são distracções.

Wednesday, October 21, 2009

Saudades


Tenho saudades dos teus olhos quando brilham ao luar
Tenho saudades do teu riso que perfuma o meu ar
Tenho saudades da tua face clara como o dia
Tenho saudades do teu cabelo rebelde quando o via

Tenho saudades da tua alma que protege o meu ser
Tenho saudades do teu carinho mesmo sem o ter
Tenho saudades da tua mente rica em saber
Tenho saudades daquela estrela que só tu sabes ver

Tenho saudades das palavras que sobre ti insiste
Tenho saudades do silêncio que em ti persiste
Tenho saudades da harmonia das tuas melodias
Tenho saudades de pensar nas tuas romarias

Tenho saudades de dizer tudo o que eu quero
Tenho saudades de saber que por ti espero
Tenho saudades de sonhar noites acordado
Tenho saudades de viver assim atrapalhado

Tenho saudades de ter saudades tuas
Tenho saudades de ver aquelas luas
Tenho saudades de saudades de saudades de si
Tenho saudades nina, estou triste sem ti.

Tuesday, October 13, 2009

Melodia

O som da tua voz no silêncio do meu quarto
A melodia silenciosa no momento em que parto
A perfeição desajeitada com que praticas o teu culto
Claustrofobia consistente com o vazio do meu vulto

Tropeço no acorde monocórdico do instrumento
Instantâneo e envolto na melancolia do momento
As histórias eternas cobertas de moralidades
As filosofias imprevistas e as tuas veracidades

A complexidade subjacente em que tudo é tão certo
A simples revolta de não te ter aqui tão perto
Os teus olhos penetrantes na inocência que só tu és
Os cabelos enlaçados que percorrem o revés

No início da clausura destas letras encantadas
Pela luz daquelas estrelas sempre tão pautadas
Pondero serenamente os dilemas que eu quis
Talvez possa dizer que ao pensar em ti eu sou feliz.

Thursday, October 08, 2009

Preâmbulo

Não confio nas palavras. São demasiado fáceis. São facilmente conquistadas, são profundamente telepáticas. Metem nojo quando ditas por ignorantes e dão saudades quando são ditas por ti. Juntas causam ainda mais espanto e nostalgia do que sozinhas. São nasais mas também fluidas. De qualquer forma são o que são e por existirem metem respeito mesmo que grande parte delas sejam irrelevantes. Quando não as usamos ficamos constrangidos e irrequietos. Ao não as proferir definem-nos de amuados, hipócritas, antipáticos ou até psicopatas, mas se as dissermos somos irracionais, insensíveis e estranhos. Na nossa essência não conseguimos estar calados, então falamos pelos cotovelos. Quando ninguém suporta ouvir-nos, falamos sozinhos, para nós mesmos, ou até para insanos amigos imaginários.
De igual forma, não confio nos sentimentos. Talvez mais do que não confio nas palavras. Ambas estão ligadas e ambas nos deixam num estado de êxtase picuinha, logo ridículo, lamechas e irreal. O que me salva é que falo muito, logo faço parte do grupo dos insensíveis e irracionais, jamais no dos hipócritas.

Thursday, September 03, 2009

Afónico

Percorro este mundo afónico e perturbante
Este dilema prescrito em papel tão cintilante
Fúria improvável e revolta indiscreta
Um coração inquieto nas palavras do profeta

Ingénuo há um tempo, deslumbrado pela vida
Desnorteado e confuso procuro a saída
Sentimento tão mesquinho mas tão penetrante
Emoção tão querida deste pobre viajante

Não fazes por mal, não tiveste intenção
De tocar-me deste jeito, conquistar meu coração
Mas confesso já nem tento evitar o evidente
Já não tento controlar tudo que se sente

Quem escreve para dizer o que não sabe falar
Não há forma mais correcta de te poder provar
Que és aquele anjo vindo do paraíso
És calma e discreta, tudo que preciso.

Thursday, August 27, 2009

Tontices

Na vida nada é garantido. Especialmente o sentimento. Por mais que divaguemos em ilusões estereotipadas, surreais e infantis, perfeitamente arquitectadas pelo nosso inconsciente frágil, nada nos pode salvar do agridoce obstáculo do amor.
Obstáculo sim, porque sem o amor teríamos a amizade, o carinho, a segurança, sentimentos inocentes, reais e maduros. Jamais perderíamos tempo com suspiros patéticos, distracções irrisórias e calores repentinos. Não diríamos AMO-TE só por dizer nem correríamos maratonas épicas por labirintos tenebrosos. Sem o amor não teríamos raiva, ódio, ciúme, vergonha, carência nem falta de confiança. Nunca gritaríamos em alto e bom som que há alguém para nós, que são tudo, o começo e o fim, a vida e a morte. Não casaríamos, não teríamos filhos, os actos sexuais seriam desconhecidos e brigas escusadas.
Mas há amor… e com ele as SMS previsíveis, os tarifários mais baratos, os e-mails espontâneos, as palavras impensáveis, o calor corporal, as floristas, as fábricas de chocolate, os poemas, a escrita, o cinema, a música, a ópera. Com o amor o mundo é uma fonte eterna de inspiração, de musas, de caras, rostos e vida. Através do amor vive-se, sorri-se, chora-se e cresce-se. Pelo amor chateámos amigos, ganhámos confidentes, gastamos saldo. Pedimos uma segunda opinião, uma terceira, quarta e por vezes até uma quinta. O amor fez-nos reluzir, aumentou o brilho nos olhos, tornou-nos mais atraentes.
Apaixonados esquecemo-nos dos problemas, das contas, das brigas, do trânsito, do governo, das derrotas passadas. Lembramo-nos daquela pessoa, do seu sorriso, do seu gesto. Perdemo-nos em fotos e quando não as temos imaginamos a sua face na nossa mente. Ficamos disléxicos, retardados e inconvenientes. Falamos demais, de menos, ficamos sem palavras. Esquecemo-nos das loiras, das ruivas, das morenas, das alternativas, das certinhas e das rebeldes.
Por causa do amor sinto-me assim, iluminado, extasiado, frágil e desejado. Por causa do amor sofro, amo, sorrio. Se o amor é isto tudo, muito mais e nada, aceito. Porque só assim quero, preciso e exigo viver.

Wednesday, April 11, 2007

Jornalismo Binário

Já lá vai muito tempo desde o longínquo ano de 1993, ano esse, que assinalou o registo do primeiro domínio em Portugal, mais precisamente o da RTP.
14 anos depois, e com a integração on-line de praticamente todos os meios de difusão em massa em termos nacionais e, tão exponencialmente, em termos globais, é legitimo falarmos de uma sociedade ligada, na sua quase totalidade, por uma rede expansiva regida por um código binário aparentemente simplista.
Em meu ver, o frenético avanço tecnológico a que estamos sujeitos como membros de uma comunidade cada vez mais comodista e insaciavelmente progressista, leva a que o ciberjornalismo seja apenas mais um pequeno (grande) passo para o homem, que, convenientemente aproveitou a introdução da nova superpotência mediática que é a Internet para alargar os seus horizontes.
À parte de qualquer manipulação comunicativa ou jogo de interesses, vejo a prática do ciberjornalismo como um auxílio precioso para qualquer cidadão que necessite de um resultado de ultima hora do tão esperada mundial de cricket, de um esclarecimento supersónico sobre o aborto ou a simples necessidade de gastar uns segundos do seu tempo a comparar manchetes dos tão heterogéneos (?) títulos de imprensa que encontramos em suporte digital.
A maior vantagem deste sistema é a actualização quase espontânea de dados, quebrando com qualquer dependência horária que os noticiários televisivos e radiofónicos tanto nos limitaram. Em termos da imprensa, só é lançado na edição da manhã seguinte notícias editadas até certa hora do dia anterior. Sabendo que países mediáticos como os Estados Unidos ou o Iraque têm fusos horários muito diferentes dos nossos, vemos então quanta informação fica em standby…
De certa forma, considero-me um homem das cavernas. Ainda acredito que um Homem trabalha melhor na arcaica folha de papel e ainda entendo o valor de um lápis e a selectividade de uma caneta, todavia, compreendo que tudo muda e que no final de tudo, nada sei. O ciberjornalismo é uma ramificação do que já existia, um descendente dos outros media, não tenta substituir, mas renovar, e é ao inovar que encontramos a essência de um médium que veio para ficar, lado a lado com os outros e complementando-se mutuamente.

Friday, March 23, 2007

Suicídio: Fim ou Reinício?

Um dos maiores enigmas humanos é o da criação. Vezes sem conta questiona-mo-nos sobre o nosso início, a nossa essência, o nosso ponto zero. Mais de uma vez foi me perguntado por meia dúzia de “sobredotados indiscutivelmente correctos” sobre o que veio primeiro – o ovo ou a galinha?
Infectado por estes dilemas filosóficos ponho-me a pensar, chegando sempre à mesma conclusão: quanto mais penso, mais perto estou de uma resposta. É pena que em grande parte das vezes, uma resposta não é mais do que uma construção de fonemas que se ampliou em palavras, e que num momento iluminado acendeu a luz do saber e levou a que proferíssemos estes sons que são a resposta. A sua efemeridade é quase patética. Também o é a vida. Vivemos para quê? Para sorrirmos? Amarmos? Entrarmos em pânico? Saborearmos? Chorarmos? Corrermos? Nadarmos? Será que a vida serve para punirmos? Saltarmos? Dilacerarmos? Será que a vida é boa ou será que é má? Talvez seja o purgatório a um passo do céu. Por outro lado, poderá ser uma mistura de coisas. A vida é o bom, o mau, e o razoável, todos misturados num frasco delicado e libertado na atmosfera como se de um perfume de aroma agridoce se tratasse.
Recordo-me dos dias em que, transpirando puberdade, questionava o mais ínfimo pormenor da vida, como um General ponderando a mais brusca vulnerabilidade na linha inimiga. Preparava o caminho para algo mais. Queria ser Zeus encarnado em mortal franzino e instável, mas com o tempo vejo que os sonhos apenas são atingidos por aqueles que abdicam de algo.
Ligo a televisão num canal nacional em pleno espaço noticioso e dou de caras com o facto de que o maior índice de suicídio no país corresponde maioritariamente a idosos abandonados pelas famílias. Fazendo analogia com a minha realidade, entendo, por fim, que quanto menos somos desejados, maior a probabilidade de cairmos na tentação de tomar a mais corajosa das decisões – o suicídio.
Findo a minha resposta, infestada de fonemas, com a certeza que neste momento não interessa se escolho um trilho em detrimento de outro, se prefiro caminhar na chuva, cantando decibéis pouco ortodoxos, se reconheço em mim qualidades que os outros desprezam com o maior pudor atingível. Nada que digam de nós é importante, o que é realmente de prezar é não desistirmos do que somos, por mais dispensáveis que este mundo supersónico nos faça parecer.

Monday, March 19, 2007

Mutação

Estou preso por um fio. Sinto que tudo que um dia foi lógico e racional no meu pequeno ecossistema, a que chamam vida, não passou de uma lavagem cerebral incumbida desde o dia em que nasci para um planeta controlado por Homo Sapiens disfarçados de Homo Sapiens Sapiens. Já lá vão os tempos em que a minha inocência era o meu maior trunfo, onde o desconhecido inspirava a mais pura ingenuidade. Hoje estou suspenso por uma corrente que trespassa a minha carne e afigura-se uma lança no meu peito. Reconheço nos outros, almas desejosas de libertação deste mundo. O sangue destes podia muito bem ser uma mancha que carregaria como uma medalha de mérito. Olho para metade desta cidade e imagino mil e uma formas de tortura, mil e uma formas de sofrimento alheio, contudo, nada compara com o desgosto que estes me causam com as suas palavras. Contemplo o meu reino de brinquedos de miúdo. O lúdico será sempre o elo de ligação entre a abstenção e a perversão. Tenho pesadelos realmente irreais e acordo com suor frio, a décimas de congelar. Sinto-me um homicida, enquanto endoideço ao som infernal do silêncio espiritual e a ejaculação compulsiva que é a comunicação humana. Tropeço todos os dias em olhares discriminadores e inveja não equilibrada. O Homem é a fonte do Mal, embora transfira para Deus todas as culpas de um ser. Todas as amarguras de uma existência são apontadas a Cristo – de longe o melhor guionista de sempre. Acordo, enfim, no palco da minha vida. A tua pele reconforta-me e tranquiliza o meu corpo. Pouco a pouco ressuscito todos aqueles que, precipitadamente, enterrei na minha mente. Volto à racionalidade, se é que há algo de racional na mente de um pobre apaixonado.

Thursday, January 25, 2007

Gravidade

Hoje acordei com uma enorme dor de cabeça. O peso insuportável que expandia pouco a pouco pela massa cinzenta do meu crânio, preparava o assalto final aos meus olhos, vermelhos de angústia e preocupação. O desânimo cresce no meu peito, vislumbrando um final pouco feliz para esta saga surreal que é a minha existência sobre a Terra. Penso na fome cada vez mais exponencial em África. Liberto-me e imagino dias sem fim de tortura em campos de rosas, vermelhas pela ingenuidade do momento. Penso naquele telefone, mudo, que teimava em difundir uma voz familiar e amiga. Aquela voz era segura. Aquela voz trazia paz. Pondero vezes sem conta o porquê da falta de paixão, questiono-me, também, sobre a ausência de vitalidade. Transpiro ácido por todos os poros do meu corpo. Por alguma razão desconhecida, mantenho o corpo intacto, contudo, transfigurando o cerne do meu ser. O meu poder intelectual diverge do equilíbrio do meu momento. Sinto que falta algo, embora saiba que já tenho tudo. O meu cubículo é o meu refúgio. Controlo o meu exército com o piscar de um olho e o acenar de uma cabeça. Armo-me de amor, carinho e traição. Recordo as vezes que me mentiram e dilaceraram o meu coração. Grito para o fundo do túnel mas não oiço o eco da minha vocalização rude e nasal, apenas o barulho ensurdecedor do silêncio. Estou a ficar paranóico. Vejo caras uniformes, produzidas em série, com olhares discriminadores. Os seus cães, cegos de nascença, debatem-se com o trauma dos restantes sentidos. O meu sangue, podre de enganos, é a tentação no jardim do Éden, que penetra as fossas nasais de um criador menor e burocrático. Roço a mitologia ao ver o meu fígado ser dissecado por um corvo, enquanto os meus membros nus recolhem o prazer vindo do aperto isolador da corda à volta do meu pescoço.
O telefone toca com uma sonoridade provocatória. Atendo à terceira. A tua voz traz uma lembrança de déjà vu. Perco-me no teu léxico. Aquela voz era segura. Aquela voz trazia paz.

Monday, December 11, 2006

(des)compressão

Estamos a chegar ao Natal. Mais um ano em que tudo que fazemos é gastar euros sem fim como se não houvesse amanhã, apertamos a mão aos nossos eternos inimigos, deixamos de cometer adultério (pelo menos alguns reduzem essa taxa) e comemos em duas semanas o equivalente para alimentar a Serra Leoa pelo menos até o próximo meteorito esmagar (de novo) este berlinde azul a que chamam de Terra. Para mim o Natal é caridade, solidariedade, amizade, camaradagem, amor, espera, agora a sério, nós só gostamos do Natal porque recebemos presentes!! Se gostarmos ficamos a olhar para ele com cara de estúpidos e passamos os próximos 6 meses a gabá-los aos nossos amigos. Se não gostarmos, e isto inclui aquelas meias do noddy que recebemos da nossa avó TODOS OS ANOS, temos sempre motivo para criticar alguém e demonstrar o quão burros e com falta de imaginação são por nos oferecerem algo que não faz falta nem ao Castelo Branco (ok, má referência...). Estou a encher chouriços porque competia-me a mim aproveitar esta oportunidade para promover o meu blog, visto meia dúzia de gatos pingados, que são os meus colegas de turma, serem obrigados a partir deste momento, de aparecerem cá nem que seja uma vez em cada encarnação e deixarem um comentário. Sem mais nada de extremamente ridículo a dizer despeço-me dos meus amigos, semi-amigos e demais inimigos desejando-vos um excelente Natal e um Óptimo Ano Novo. Que tenham os (maus) presentes que tanto merecem e lembram-se de uma coisa: quem é que vai estar na melhor passagem de ano do mundo, quem é? M E R R Y C H R I S T M A S ! ! ! ps. Não esperem milagres no próximo ano, raramente acontecem, e quando acontecem limitam-se a moedas de cêntimo encontrados na beira da estrada. Podes apanhá-las, mas lembra-te que há muita gente que se aproveita dos afoitos que decidem agachar-se. Abraços e Beijos para todos.

Tuesday, October 17, 2006

Foi

Subia aquele cume no inferno duma vida
Cheguei mesmo a tempo, a hora foi devida
Trespassado com a lança dum cupido desgraçado
Curtia que a mim tivesse que passar ao lado

Passou, vieste, ficaste e foste para sempre
Não quer dizer que às vezes não me lembre
Daqueles momentos em que pensava só em ti
Eras como o livro que eu nunca li

Parei de sangrar no dia do advento
O dia já não dura, já não bate a lento
Não és nada, és só recordação
Não passas de um erro, má programação

Aumento o meu leque com vinho bem regado
Curtes ao alcance de qualquer desgraçado
Mais um dia na vida deste rei
Aqui e agora não existe lei

Thursday, October 12, 2006

Sorte Grande

Já alguma vez saiu-te a sorte grande? Não me refiro a ganhar a Lotaria e gastá-la em bebida (não) pouco alcoólica, prostitutas de nome Mimi e Sisi e carros potentes para bateres com os cornos na primeira parede que encontrares pela frente, deixando toda a tua herança a alguém que fará tudo que já referi e ainda comprar uma merda dum SMART. O que quero realmente saber é se já alguma vez tiveste amigos? Não meia dúzia de idiotas que fazem de tudo para embebedar à hora marcada, dizer meia dúzia de porcaria e acabar a noite como bebés chorões a cantar as músicas mais deprimentes alguma vez escritas. Amigos, na minha óptica, vem, isto sim, em pacotes de 2 ou 3. Eles dão notícias de tempos a tempos, perguntam-te como estás e realmente esperam para ouvir a resposta. Eles são frontais e honestos, abrem os teus olhos para a realidade, e, acima de tudo, sabem quando tu mais precisas deles. Não sei se sou um felizardo ou apenas mais um ignorante que não quer enxergar. Não sei porque é que estou a escrever este texto a esta hora da manhã. Talvez seja por estar aborrecido, por não ter aulas ou simplesmente por ter saudades de casa. Confesso que está um texto digno de um analfabeto, mas embora seja simples, básico e irregular, é sincero. Meus amigos, meu refúgio.

Wednesday, September 27, 2006

Caldeira

Estava no sítio do costume. Sentado naquela mesa de madeira, gasta pelos ínfimos encontrões de zangas diversas, conseguia ver a totalidade daquele lugar, que, ao contrário de muitos outros, cheirava a poncha de laranja apanhada há dias e não a vício de nicotina constante que mata as suas vítimas lentamente. Hoje uma tosse, amanhã uma curta dor no peito, até que um dia passamos para um lugar como este. Um lugar onde não somos lembrados. Cada cara é nublada, embora nitidamente visível a quem, por uns breves instantes, olhe com olhos ingénuos e não egocêntricos. Ao meu lado estava sentado um homem baixo, barrigudo, careca e com uns fundos óculos graduados. Ele olhava para o nada, como alguém que tenta a todo o custo esconder do mundo alheio a porta da sua alma. Sempre considerei que os nossos olhos contam todos os nossos segredos. Evito o contacto com os olhos de outrem porque os meus enigmas são tão difíceis de recalcar que qualquer um vê a minha transparência. Os olhos dele, não obstante a sua idade avançada, eram jovens e com esperança. Havia tristeza descontraída e resignação evidente. Sentei no meu canto a beber uma cerveja regional. Odeio cerveja, aliás, odeio álcool em geral, não pelo gosto a nada que deixa na minha boca, mas sim pelo gosto de sofrer. Olhando para aquele corpo vulnerável, comecei a questionar como é que eu seria quando envelhecesse. Como é que eu seria quando a única coisa que me restasse era esborrachar-me na minha fiel cadeira de há anos e pensar em tudo que fiz ao longo da minha vida. Será que vou gostar do que fui? Será que vou arrepender-me de algo que fiz ou será que o verdadeiro tormento irá ser lembrar-me de tudo que não disse? Será que essas pessoas irão saber o quão importantes eram para mim? Sentado nesta cadeira oca, como eu, recordo-me do que sou. Olá, sou o Filipe, quero ser Realizador de Cinema e quero ajudar a desenvolver o meu país. Sonhos temos muitos ao longo da vida, mas são raros os que se concretizam. O homem, desorientado, levanta-se, enfim, da cadeira húmida e dirige-se para a porta com um espanta-espíritos a sobrevoá-la. A mínima brisa liberta um som gélido e metálico, digno do estado mórbido que é este momento. O frio lá fora torna cada alma uma fonte de calor ambulante. Juntos parecem uma grande caldeira de vapor que inspira-me e não deixa a minha chama apagar-se. São cinco da manhã. Empregados cansados e desgastados recolhem loiça suja de alimento corporal enquanto contam centavos ferrugentos deixados como gorjeta. Está na hora de ir embora. Ao olhar para o mundo que me espera, sinto relutância em sair daqui. Pego no meu casaco e no meu cachecol e dirijo-me para a rua. Estava a meio caminho quando sinto uma mão quente no meu ombro. Ao virar-me reconheço de imediato aquela figura mística e tão pouco admirada. Agarro a sua mão e ele guia-me para uma porta com a palavra PARTICULAR escrita em letras prateadas. Das bordas saía uma luz que quase me cegava. Sabia o que esperava-me. Havia chegado o meu dia. Pela primeira vez vou ter paz. Apaga-se a luz. Estou no vazio. Tranca-se a porta atrás de mim. Esta é a minha nova etapa. Bem vindo à morte.

Monday, September 25, 2006

Coisas Que Irritam-Me Profundamente

Eu sou um dos maiores chatos do mundo. Até posso dizer que sou a pessoa mais irritante que existe. Sou tão irritante que se pudesse tirava umas férias de mim próprio. É uma ideia porreira, mas como sou novo, ainda vou ter que aturar-me a mim mesmo durante algum tempo. O que as pessoas não sabem é que até os irritantes se irritam. É isso que vou provar já de seguida. O que será que irrita o Phil profundamente?

Coca-Cola Sem Gás

Na Arábia Saudita as pessoas são presas simplesmente por se masturbarem. Nós aqui no Ocidente como queremos ter “a mente aberta” deixamos as pessoas andar por aí a servir coca-cola (ou o seu alter-ego, pepsi) sem gás! Sempre que ando de avião tenho o dissabor de beber o verdadeiro néctar dos deuses sem o tão precioso gás que tanta alegria traz às minhas banhas. Como todas as linhas aéreas fazem o mesmo, só podemos concluir que foram treinados por algum maricas com a mania das dietas. Irritante é apelido.

Mulheres Feias Com Mania Que São Boas

Sou pacífico por natureza, mas por vezes passo-me! Ouvi dizer que um bando de idiotas anda por aí a dizer que o importante é o que temos por dentro. O pior é quando somos constantemente interceptados por miúdas, perdão, gajas (!) que, mesmo sendo feias, andam por aí como se tivessem o rei na barriga! Para além de serem horríveis fisicamente, insistem em ter uma personalidade como as miúdas atraentes – autenticas bruxas. Evite estas minas explosivas e investe em raparigas com síndrome de patinho feio: raparigas que eram feias na infância e por isso só desenvolveram a personalidade. Agora que cresceram são giras. De milénio em milénio conhecemos uma moça com a embalagem toda: bonita e com sentido de humor, só que como todas as mulheres tem defeitos, conta com um dedo mendinho fora do comum ou pelugem facial pouco generosa.

Discotecas

Deviam ter todos nomes como Talho Bar ou Bois e Vacas Inc. Para além da música ser digna de qualquer azeiteiro com Fiat Uno equipado à piroso, as raparigas são do mais rasco que existe. Posso dizer que conheço, pelo menos de vista, todas as meninas da minha faculdade. Contudo, sempre que vou à disco com a malta, vejo fêmeas que de dia mais parecem autênticas gatas borralheiras. O efeito cinderella está ao rubro nestas chaminés de fumo de cigarro e onde as hormonas e os jogos de sedução andam à solta. De conto de fadas só o carro dos namorados delas que mais parecem abóboras ambulantes! Já pensaram em conhecer miúdas num lugar um pouco mais iluminado?

Turmas Com 90% De Raparigas

Eu adoro raparigas. O que não gosto é das intrigas delas! Em dois anos de Coimbra, já registei 37 casos de ciúmes, 53 casos de inveja moderada e 376 de interesse. Podes ter a certeza que as ninas tem conversas muito mais ousadas que as nossas e, para quem dizia que elas não pensam em sexo, é melhor mudar de ideias... davam óptimas realizadoras de filmes porno.

Gostar de Alguém

Porquê comentar? Haverá alguma coisa pior que andar pelos cantos a suspirar por alguém que de certeza não gosta de nós e/ou tem namorado? Nós homens somos resistentes e gostamos de ter controlo sobre tudo. Quando atingimos o equilíbrio, aparece um rabo de saias que vira as nossas cabeças por completo. Chapéu! Pareces um idiota total e o único desejo do pessoal é dar-te um murro para tirar esse sorriso estúpido da tua cara! Cura para isso? Pá, a curto prazo – álcool – não resulta muito bem por isso como alternativa – fazer coisas radicais – parte algo porque a dor vale muito a pena!

Chegou ao fim a primeira parte de Coisas Que Irritam-Me Profundamente. Quando tiver vontade de praguejar mais um pouco podem contar com uma sequela. Até lá, fiquem bem e não se irritem!

Monday, September 18, 2006

Principe de Betão

O tempo passa sempre a voar
Nem dá espaço para um gajo ressonar
Parece que foi ontem que cheguei à ilha
Vou pá merda mais cedo que queria

Um preto pode chamar um preto, preto
Mas um branco não pode chamar um preto, preto
Porque será que somos tão “racistas”?
Tipos de fato que querem tudo às mistas!

Raiva dos sacanas que governam o sistema
Pensam que a rima é um simples teorema
Acham que não vibro com tinta no papel
Curtia vê-los no inferno, descidos de rappel

Viver no limite é tudo neste mundo
Por vezes mais valia um puto nascer surdo
A corrupção é a palavra do dia
Semana, mês, ano, mais seria

Porquê lutar contra as tropas do cacau?
Porquê viver aqui sem fazer cara de mau?
Comédias e Dramas são o mesmo entretenimento
O palco é uma farsa na Cidade do Conhecimento

Não aos charros, não ao fumo
Não ao álcool, tudo isto eu assumo
Se não viveres com a cabeça bem ciente
Estarás num mundo onde não ganha quem não mente

Confia em nada nem em ninguém
Deves pensar que tudo corre bem
Só Deus é que sabe o melhor para nós
É pena ninguém querer ouvir a voz

Curte a vida enquanto estás cá
Nunca saberás quando passares para lá
Não sejas cromo, não sejas banal
Sê criativo, tens dom para tal

A estrofe derradeira é sempre a que fica
Nos poemas dos outros, nos meus nunca estica
Nada que eu faço é em vão
Tudo que digo é de coração

Wednesday, September 06, 2006

Absinto

Tudo em um dia quando sento no meu canto
Cabeça contra a mesa encoberto por um manto
Cheiro a absinto, o meu hálito é de morte
Ninguém acredita que um dia já fui forte

Prefiro iludir-me com promessas de uma vida
Sempre esperei que fosses a saída
Partiste num dia de sol sufocador
Nem esperaste para ver se realmente era amor

O certo é a distância. Quem não vê já não sente
Volto à normalidade. Progrido lentamente
Sofrer é proibido. Ainda não mas falta pouco
Não há homem nesta vida que já não deu em louco

Erros todos fazemos. Os homens exageram
Para o nada vivo sempre. Agitados os que esperam
A noite é doce mel numa boca deslavada
Deus abençoe quem na vida não vê nada

Pretérito Imperfeito

Tropeço numa carta escondida pela alma
Revejo-me no sufoco até perder a calma
Águas flamejantes gelam a mouraria
Velas sempre acesas são só fantasia

Vivo numa ilha rodeada por vulcões
O Bispo lá da terra não desiste de sermões
O Palácio de Cristal é de vidro realmente
Manipulados pela vida tudo que se sente

A casa dos meus sonhos é de ferro e de aço
Rastejar é proibido. Caminho sempre a passo
Multo todo aquele que desiste de um sonho
Prefiro acreditar só na desgraça que eu ponho

Mundo que te vejo e que sabes que existo
Nação que já não vibra, lembra sempre disto
Ergue-te pró céu, não és simples mortal
Saiba que o bem segue sempre após o mal

Friday, March 10, 2006

Fusão não entendida

Há muito que desisti dos preconceitos. Desde o momento em que a probabilidade de eu ver um filme que realmente me satisfazesse atingiu a escala de 1 em cada 10, que resolvi confiar apenas na minha própria análise. A crise hollywoodiana chegou ao ponto de copiar, cada vez mais rascamente, grandes sucessos do passado. A ideia de que o cinema está a progredir em termos de qualidade apenas me faz sorrir de uma forma sarcástica e diabólica. Hoje, e quando questionados sobre que filmes que mais apreciam, sinto-me cada vez mais suicida. O facto de ninguém apreciar cinema de análise faz com que deseje que me caia um piano em cima, quebrando todos os pequenos elos de ligação corporais a que chamam de ossos. Desejo aniquilar a base financeira mundial como em Fight Club. Quero liquidar a totalidade dos adeptos do Manchester United no seu próprio recinto. Quero vender sabão a mulheres ricas, confiadas e snobistas feito das suas próprias gorduras retiradas por lipexpiração. Quero revolucionar o sistema mas não mo deixam. Críticos teimam em subestimar-me, deixando-me apodrecer. Tenho blackouts constantes causados por borboletas, cancros inexistentes e códigos indecifráveis. Um dia passa lentamente após o outro. A guerra dos mundos não chega. Esperava, espero e esperarei. A odisseia já não será no espaço, mas sim num cubo claustrofóbico a que chamamos mente.

Saturday, July 16, 2005

Coimbra, 1 ano depois

Acabou o primeiro ano. Estou de volta à minha ilha. É uma ilha de amor, paz de espírito e tortura. Embora tenha aqui tudo para fazer-me feliz, não consigo esquecer a cidade que durante os últimos dez meses acolheu-me. É uma cidade de antíteses. Vivi, sofri, voltei a viver e de novo a sofrer. É um ópio. É o meu ópio para além da religião. Considerei muitos como amigos e outros como inimigos. Os amigos por vezes tornaram-se hostis mas voltaram a ser amistosos. Outros passaram a fronteira e por lá ficaram.
No inicio do ano publiquei um texto neste mesmo blog onde caracterizei muitos dos meus colegas. Agora com uma melhor perspectiva sobre os mesmos, sinto-me mais à vontade para julgar. Deus julgou. Eu não sou Deus mas sinto que tenho algo a dizer.
Começo obviamente pelos 4 mosqueteiros e claro, pelo Bruno Garrido. Mantenho a ideia de que é uma pessoa sincera. Sofreu, como muitos. Mostrou-se fiel como nunca dantes visto. Ajudou-me como poucos fizeram no passado. É um amigo e como tal terá sempre o meu apoio. Libertou-se recentemente. Teve coragem e está a meu ver finalmente em paz de espírito. Já não sofre. Vive.
Carlos. O segundo nome. É inseguro e com isso uma óptima pessoa. É calmo. Não fala mais do que deve. Também não fala o que deve. Fala pouco. Muito pouco. Porém todos sabemos como e onde se liberta. Duas palavras. Amarelo e Agrária.
Fábio. LOL. Fábio. O que posso dizer? É um miúdo. Um puto de 18 anos. É por isso levado pelos instintos. Diz muita porcaria. Diz igualmente muita coisa certa. Ajudou-me muito na minha reabilitação e enervou-me muito. É uma pessoa com muito amor para dar. Ele não é tarado. Apenas tem um grande coração onde cabem as muitas ninas que “conquistaram-no” durante este ano. Prometo aqui e agora que nunca mais falo mal da tua Santa Terra. Viva ao conteúdo de São Roque – Oliveira de Azeméis!! (Thanks bru, you helped a lot).
Por fim, o mais recente membro da irmandade. John. Confesso que não curtia o rapaz. Não atinava o seu ar de beto. Ainda bem que estava errado quanto a ele. É um poeta. Escreve com o coração. Ama mais do que deve. Onde tem amor deveria ter ódio. Contudo a miopia é extrema por estes lados. Obrigado John, eras o que faltava ao nosso grupo. Viva ao bacanal! Viva às pitas! Viva à Reinserção Social!
Estes foram os meus 4 melhores amigos. Por eles era capaz de levar um tiro.
Passamos às meninas. Marta! Quando digo Marta incluo, claro, a cara metade dela – o Senhor João Henrique! São amigos. Apoiaram-me sempre, especialmente quando estive mal. Desejo-lhes as maiores felicidades. Digamos que tanto elogio merece (acho eu) um convite para um futuro casamento! Ps. Tira a taça aos Gregos!
Há um arco-íris na minha vida. No céu não há sol mas no meu coração a verdadeira luz vive. Sandrinha. És a cor da nossa turma. És a fonte de luz. A tua personalidade é tudo. És um espectáculo! Deves estar prestes a chorar com tanta porcaria que escrevo. Parece exagerado mas não é. Tu és muito para mim! Para nós todos! Se eu pudesse apagava o palhaço, o pinguim, o relógio de cuco, o avançado do Real Madrid. Não posso. Só tu podes. Só tu podes escolher viver. Adoro-te! Nunca te esqueças disso!
Maria Inês! A alma ancorada. Personalidade de ferro. Adepta do romantismo de Alexandre. Demorei a conhecê-la mas agora que conheço adoro as bocas e os cortes que dá ao people todo. Admiro a tua fé. Vives para Deus. A salvação é tua. Diverte-te na Alemanha!
Ricardina. Este momento é sempre difícil. Todos esperam que diga alguma coisa sem pés nem cabeça. Desta vez não. É uma bela amiga. Esperava mais. Esperava o errado. A minha mente ingénua tentava estragar o que a amizade criou. Desculpa pelo desprezo. És uma amiga. Sempre serás. Fica bem.
A Alma Santa. Não vou criticá-los como fizeram tantos mosqueteiros este ano. Não vou elogiá-los também. Peço apenas o vosso respeito. Peço também desculpa pelo que alguns de nós dissemos. O ano novo chega em Outubro. Será que podemos tentar nos entender? Ou será que iremos tratar-nos a nós mesmos com o ódio de sempre? Não é um apelo. Apenas um desabafo. Vocês devem ser porreiros. É uma pena não ter tido tempo de ver para além do ódio.
Acabo com a mais difícil das críticas. A eu mesmo. Estou num mundo novo. Sou um extraterrestre num mundo novo. Sou burro. Estúpido. Amigo. Falso. Sincero. Esperto. Ingénuo. Hipócrita. Mentiroso. Sou mais mal do que bem. Tento ser bom. Às vezes sou. Quase sempre não. Obrigado a todos. São a minha salvação.

Refugio / Sofrimento

A escrita não passa dum sofrimento
Um refugio vazio sempre em movimento
Uma rima que um pobre mal amado
Decidiu por num papel com mal agrado
Procuro um som que conduze tanta cena
Tanta palavra mal posta até dá pena
Vejo líderes a morrer o tempo todo
Caiem sempre, o pé pisou o lodo
Inspiravam-se numa musa bem querida
Uma daquelas que deixou grande ferida
O governo move-se sempre a mandar
Pensam tanto mas nunca em mudar
O pobre foge, o refugio é a droga
Só assim, só com grande moca
Suportar um país nem sempre é ameno
Nem sempre tudo é lindo e sereno
Quem tá em cima só pensa em lixar
Só pensam mesmo é em mamar
Depois do golpe que vai acontecer
Vou subir só eu ao poder
Vou trocar as armas e as minas
A partir daqui só com gasolina
Acabo com todos os inimigos
Ficam só os que considero amigos
Muitos deles não deveriam estar aqui
No fim de tudo estou a pensar em ti
O mundo novo está para ficar
E nunca mais parar.

Tuesday, July 05, 2005

Horizonte

A vida é muito curta
Escusamos de amar
Calma que se furta
Gostar só faz parar

Menina tu tens rosto
Atributos que não vejo
És fogo que foi posto
Lembrança num lampejo

Joguei as peças certas
O momento é que falhou
Esguio só por metas
Até ao dia em que parou

Eu vivo em expressão
O meu mundo é um quadrado
Já não morro de tesão
Já não passo só deitado

Não sinto mais que devo
Vivo por não gostar
O caminho é de relevo
Paro só quando acabar

Afinal Eras Tu

Afinal eras tu o vazio que sentia
Tormento constante de noite e de dia
Mundo completo de perdição
Sorriso vago do meu coração

Pensava na outra que era ironia
Era tudo no mundo que eu mais queria
Pensei que sim mas eu não sabia
Era oca por dentro até quando sorria

Procuro em ti o que tinha perdido
Passamos bons tempos numa romaria
És como um livro ainda não lido
Bondade plena como em Maria

Espero não sentir o que agora eu sinto
Confesso que não tenciono emoção
Se simpatia não for então eu só minto
Um quadro lúcido de recordação

O homem do Sul tentou acordar-me
Tentava tudo para libertar-me
Espero que o que ele tinha pensado
Seja mentira pois tou desesperado

Será?

Há dias em que o melhor que podemos fazer é pegar numa arma e acabar com tudo. Melhor. Com o nada que somos. Acho que a forma mais lógica e racional de assumir o caos da vida é acabando com ela. Matar o mal pela raiz. Estagnar o que nos faz padecer. Não me refiro a nada de concreto, como quem diz, refiro me ao amor, aquele mal estar constante que tenta a todo o custo unir o que é de todas as formas heterogenea e indissocíavel. Maldito o dia em que o cupido decidiu forçar sobre os simples mortais a praga do afecto! Não haverá nada mais sombrio? Claro que ao compará-lo com armas quimicas e biologicas a sua simplicidade pode soar a constrangedora. Todavia, ao subestimá-la estamos a valorizar o nosso cérebro que ao fim de contas não passa de um monte de bosta. Caso não o fosse ajudaria-nos a superar a desgraça do amor. É triste mas verdade. Todos amamos. Quer seja a quem devemos. Quer a quem seja impossível. A amigos, inimigos, belos, feios, ricos, pobres. Este virus não distingue. É surdo, mudo e pior que tudo, cego. Faz nos rir, quase sempre chorar. Faz nos viver, é um eterno sofrer. A nossa vida é tão efemera, porquê passá-la a gostar de alguém? Especialmente alguém que não goste de nós e NUNCA nos merece? É por isso que decidi. Tive a pensar nisto há muito. Finalmente tudo esclareceu-se como um analgésico num corpo intruso. Não volto a amar. Pelo menos até à proxima vez. Até eu estar preparado e ela realmente valer a pena. Acabo o meu texto à beira do precipício do meu apartamento no 5º andar. A minha cabeça pede o salto final. A paz que traria. Apenas os meus pais sentiriam a minha falta a pleno. Aos amigos passaria. Infelizmente não tenho coragem para fazer o sensato. O meu coração impede o desafio às leis de Newton. O amor mantêm vivo a minha tortura. Subsisto até a coragem se unir com a fé em Cristo. Ele ama-me. A minha mãe ama-me. O meu pai ama-me. O resto é pânico e angustia na mente dum pobre. Não material. Mas de espírito.

Palavras

Palavras doem quando são ditas
Doem muito mais quando não são
Elas são pedras sobre três fitas
Pregam os homens com adoração

Palavras soam como mel aos ouvidos
Doces como tudo que o amor não dá
Alegram a alma tal o alarido
Paz completo ao tom de lá

Palavras acabam o que o cancro começa
Drogas no sangue completam o sal
Agradável demónio quando vislumbra
Todas as forças aliadas do mal

Palavras são boas
Quase sempre são más
Libertam a mente
Levam à perdição

Férias Excelentes!

Não é para me gabar, mas eu provavelmente conheço as melhores pessoas do planeta. As 2 semanas de férias que passei na minha linda ilha da Madeira... foram recheadas de diversão do primeiro ao ultimo minuto. Mal cheguei fui convidado para uma Beach Party na Calheta, foi bom... embora eu ainda estivesse com o pé atrás por não estar acostumado com o sotaque madeirense (nunca pensei dizer isto) diverti-me à grande... conheci pessoas que dançavam melhor que eu! Nunca pensei dizer isto, mas eu estou demasiado velho para a diversão! Tirando os vómitos incessantes das pessoas e a trafulhice de alguns amigos meus, foi uma boa noite. Alguns dias depois... com o céu ainda a decepcionar em termos solares (não choveu mas só por pouco)... decidimos aventurar-nos no novíssimo Aquaparque de Santa Cruz. Lá foram os meus amigos, o Xolas, o Carlos, o Manel, o meu amigalhaço (armado em engenheiro) Duarte, a Xaninha (pois claro!) e uma amiga dela da cidade das alfaces... a Rita! Deste dia importa salientar que foi o dia em que fui molestado (logicamente contra a minha vontade) por uma certa menina (espero eu...) durante o itinerário lúdico de um determinado "slide" onde fiquei desprovido de toda a minha honra familiar... fui desonrado, deserdado e fiquei previsivelmente chocado com tal facto... para ajudar na captura da suposta "vilã", importa, talvez, referir que instantes antes de cometer o delito, havia se queixado de não ter accionado a eliminação total de pelugem corporal nomeadamente na zonas das coxas, para além de ter dito que estava gorda!! Bem sei que não ajudará em nada pois é o sermão comum às raparigas... quem não o diz ou está sobre o efeito de estupefacientes ou apenas... louca! Continuar seria apodrecer à frente deste pc, acabo a dizer que aconteceu de tudo... riso (provavelmente por ter escutado 3 palavras da musica New York, New York de Frank Sinatra quando supostamente a pessoa sabia a musica toda), lágrimas ( quando ouvi as Doce... eu sei, é deprimente)... mas no fim de tudo tenho só a agradecer a todos que me convidaram para o que fosse! Ao Xolas: força, és um tipo 5 estrelas... não te preocupes muito com as raparigas... elas vem e vão mas no fim terás proveito... Ao Carlos: Um abraço de amigo e boa sorte na Força Aerea, sei que o que farás, farás bem... ou não fosse teres um amigo como eu!! À Xana... calma na situação delicada em que te encontras... eu sei o quão é dificil escolher entre duas pessoas importantes... especialmente quando conheço ambas... procura no teu coração... a resposta é mais fácil do que imaginas... Por fim, e porque sou obrigado a fazê-lo (contratos culinários... e tal...) à Rita desejo um ultimo semestre com estudos... mas não muitos (para não esqueceres as outras 3 palavras da música!) e boa sorte na advocacia... se é realmente isso que queres... se tornares-te actriz... talvez ainda te encontre por aí!! Acabo assim o pior texto alguma vez feito por um analfabeto... por favor critiquem porque para tanto lixo só de martelo!! FORÇA A TODOS!!

(Des)Renascimento

Um dia acordas com vontade de viver
Mal sabes tu que estás prestes a morrer
A flor que naquele jardim havia
Chorava por dentro e eu não sabia

Mas não era o único a quem encantaste
Deixaste a minha mente num campo de contraste
Sofri e sofro por te querer
Parto em breve, não te quero esquecer

Eu gosto de ti
Amo-te talvez
Eu quero-te aqui
Não só uma vez

Desfalque

Escrevo sem saber.
Sem saber o que sinto.
Sem sentir o que sei.
Vivo triste, refutado.
Amado, talvez.
Amando sempre.
O que era amor,
agora é só dúvida
na minha cabeça
ingénua mas solitária.

O que é amar?
Será que algum dia soube?
Ou será a necessidade de
sentir afecto mesmo sabendo
que não o retribuo?

Estou indeciso.
Sinto-me atraído por contrastes
Bom/Mau; Açucar/Sal
Sentir. O que é?
Quem inventou o amor?
Nunca saberei.

Por fim estou só.
Num quarto pequeno
Com cheiro a suor intimo.
Suor que veio e foi.
Tal como tu

Monday, July 04, 2005

Bem me quer... Mal me quer, mal me quer...

As guerras são acontecimentos naturais. Podemos dizer que a imagem de homens a caírem ensanguentados no chão é tão natural como o colher duma flor. Em qualquer um dos casos irão morrer. Quer acreditemos em Deus ou no Big Bang, o nível de caos existente em qualquer um destes fenómenos envolve tudo desde lanças, espinhos, milagres, explosões de partículas, em suma tudo o que faz da guerra a beleza visual que tanto nos fascina e tanto nos repugna. Eu gostaria de poder um dia dizer aos meus filhos que a vida é bela. Contudo, não quero enganá-los. Dizer que o mundo é bom, amável, simpático, honesto, seria como tentar ganhar o totoloto sozinho e em semana de Jackpot, já aconteceu, mas ninguém se lembre quando. Enquanto eu divago por reflexões espirituais e religiosas, pergunto-me como seria um mundo sem guerras, um mundo com paz plena, um mundo onde um homem traído fica sentado em vez de partir o focinho do gajo que o enfeitou. Vejo que não é possível porque não somos bons, nem mais ou menos. O nosso espírito é falso e a nossa mente também. Quando a CNN transmite dejá vu's sem fim de brigas entre Brancos e Chinocas vejo que tudo é perfeito. É a Selecção Natural de Darwin. Há quem pise baratas e formigas. Há também quem pise o homem.

Friday, January 21, 2005

Comunicação Social

Era a segunda semana de Setembro, depois de um mês na África do Sul, longe dos meus pais, com uma grande ressaca que teimava em permanecer no meu organismo durante cerca de uma semana e com mais propostas de compra de drogas que o Maradona, encontrei - me sentado em frente ao meu computador, isto um domingo de manhã, procurando no site do acesso ao ensino superior a minha colocação. Depois de muitas horas ponderadas em frente ao Gabinete de Acesso ao Ensino Superior, tinha escolhido (por fim) candidatar-me a Comunicação Social, talvez por vocação, talvez por pura imprudência... Não era bem o que eu queria. Eu queria, e quero estar ligado ao Cinema, tanto na área de realização como de produção, embora eu tenha muito gosto pela área do cinema animado. Tinha por ironia candidatado e sido admitido na UCLA, prestigiada faculdade de Los Angeles, onde tinham obtido com mérito absoluto grandes nomes como Spielberg e Francis Ford Coppola. Eu não sou uma pessoa com grandes economias, embora nunca me tenha faltado um prato de comida à mesa. Tive sempre limites, por isso os altos valores de propinas pedido por ano poderiam ter sido superados com algum esforço dos meus pais, que sendo de longe os melhores pais do mundo, iriam entender a minha escolha. Porém, o grande obstáculo era meu, interior. Eu sou muito ligado a eles, amo-os muito e não conseguiria viver sem eles, por isso adiei o meu futuro. Há coisas que acontecem em nossas vidas que parecem ter mesmo que acontecer, e teve o destino planeado que no preciso momento em que acedi ao site do ensino superior seria uma declaração de separação novamente dos meus pais. Tinha esperanças de ficar a estudar na Madeira, perto dos meus pais, amigos e demais queridos, pior que isso era saber que tinha entrado para um politecnico. Comecei a sentir-me inferior. As praxes foram horriveis, chorei, sim... admito, cresci em ódio e posteriormente em amor. Quando começaram as aulas, aos poucos fui conhecendo os meus colegas. Conheci o Bruno Garrido, amigo espero que fiel, maduro e brincalhão. O Fábio muito parecido psicologicamente com um amigo meu na Madeira, o Renato, com quem deixei de falar. O Fábio tem fases, por vezes é uma pessoa atenciosa e respeitadora, por outras, nem posso vê-lo. Têm o grande defeito de não pensar antes de falar. Conheci, igualmente o Carlos, amigão, espectáculo de pessoa, com bom coração e completo oposto comportamental do Fábio. Em termos de raparigas, conheci as "trigémeas" Ticiana, Inês e Patrízia, tão diferentes entre si como os 4 mosqueteiros. Contudo, uma rapariga tocou-me muito, por ser provavelmente a pessoa mais centrada e madura que já conheci - a Mara. Desde que cheguei a Coimbra fui bem aceite, especialmente por ela, daí considerá-la uma maninha espectacular e querida, por quem era capaz de partir caras se alguem a fizesse chorar. Conheci também a menina de Oiã, a Sandrinha, de quem gosto muito e que não estou apenas a elogiar para ser convidado à sua festa de aniversário! Também a Marta que é uma pessoa que dá para bater um papo sem fazer figuras parvas! Para acabar, conheci a Ricardina, que em meu ver é a rapariga mais gira da turma. Ela é por vezes engraçada, marca muitos pontos no Basketball (quando joga na minha equipa) e tem bom gosto, basta ver o ursinho cor de rosa que costuma trazer para a aula! Peço desculpa se não mencionei mais alguem, talvez por já estar a escrever demais, ou porque não vos conheço como deve ser, espero puder corrigi-lo no futuro. Para finalizar o meu prefácio, deixo um pedido, por favor não mudem, sejam sempre assim, porque tem-me ajudado muito a superar a distância para a Madeira. Obrigado a todos! Adoro-vos!!