Wednesday, June 17, 2020

Cinzas

Está quente. Esse frio aquece. Esse riso de lume de magma, lava escaldante e fogo gélido. És a fénix, renascida das cinzas, que cinzas mesmo? A ave mítica, pura lenda, história de embalar para pequenos e assombrosa para os adultos. És mais do que um pássaro. Um porta-asas ambulante. És de Camões, ardes sem se ver. O cego não precisa ver, basta sentir. As brasas desse calor. Desse mito que me tira do sono. Está frio. Esse calor esfria. Restam-se as cinzas.

Esboço

Por entre pensamentos partimos em busca da saudade, do risco e da teimosia, como se de uma pintura abstracta, vívida e berrante se tratasse. Isolamo-nos tanto mental como fisicamente na rochosa ilha da nossa timidez extrovertida e da nossa fauna floreada. Somos ao mesmo tempo o céu e o mar, uma noite estrelada vigiada pela lua, senhora e dona, menina e moça. Vivemos ansiosos, morrendo de fome da atenção patética dos instas dos books, dos toks e os seus tiks. Esquecemos do que importa. De quem importa. De mim. De ti. Das palavras. Dos fonemas. Dos 5 minutos tornados 8 quiçá 10 ou 12. O céu é o limite. Guardado pela lua, que embeleza as águas daquela ilha que é minha, no quadro que é teu, na pintura que é nossa.