Monday, December 11, 2006

(des)compressão

Estamos a chegar ao Natal. Mais um ano em que tudo que fazemos é gastar euros sem fim como se não houvesse amanhã, apertamos a mão aos nossos eternos inimigos, deixamos de cometer adultério (pelo menos alguns reduzem essa taxa) e comemos em duas semanas o equivalente para alimentar a Serra Leoa pelo menos até o próximo meteorito esmagar (de novo) este berlinde azul a que chamam de Terra. Para mim o Natal é caridade, solidariedade, amizade, camaradagem, amor, espera, agora a sério, nós só gostamos do Natal porque recebemos presentes!! Se gostarmos ficamos a olhar para ele com cara de estúpidos e passamos os próximos 6 meses a gabá-los aos nossos amigos. Se não gostarmos, e isto inclui aquelas meias do noddy que recebemos da nossa avó TODOS OS ANOS, temos sempre motivo para criticar alguém e demonstrar o quão burros e com falta de imaginação são por nos oferecerem algo que não faz falta nem ao Castelo Branco (ok, má referência...). Estou a encher chouriços porque competia-me a mim aproveitar esta oportunidade para promover o meu blog, visto meia dúzia de gatos pingados, que são os meus colegas de turma, serem obrigados a partir deste momento, de aparecerem cá nem que seja uma vez em cada encarnação e deixarem um comentário. Sem mais nada de extremamente ridículo a dizer despeço-me dos meus amigos, semi-amigos e demais inimigos desejando-vos um excelente Natal e um Óptimo Ano Novo. Que tenham os (maus) presentes que tanto merecem e lembram-se de uma coisa: quem é que vai estar na melhor passagem de ano do mundo, quem é? M E R R Y C H R I S T M A S ! ! ! ps. Não esperem milagres no próximo ano, raramente acontecem, e quando acontecem limitam-se a moedas de cêntimo encontrados na beira da estrada. Podes apanhá-las, mas lembra-te que há muita gente que se aproveita dos afoitos que decidem agachar-se. Abraços e Beijos para todos.

Tuesday, October 17, 2006

Foi

Subia aquele cume no inferno duma vida
Cheguei mesmo a tempo, a hora foi devida
Trespassado com a lança dum cupido desgraçado
Curtia que a mim tivesse que passar ao lado

Passou, vieste, ficaste e foste para sempre
Não quer dizer que às vezes não me lembre
Daqueles momentos em que pensava só em ti
Eras como o livro que eu nunca li

Parei de sangrar no dia do advento
O dia já não dura, já não bate a lento
Não és nada, és só recordação
Não passas de um erro, má programação

Aumento o meu leque com vinho bem regado
Curtes ao alcance de qualquer desgraçado
Mais um dia na vida deste rei
Aqui e agora não existe lei

Thursday, October 12, 2006

Sorte Grande

Já alguma vez saiu-te a sorte grande? Não me refiro a ganhar a Lotaria e gastá-la em bebida (não) pouco alcoólica, prostitutas de nome Mimi e Sisi e carros potentes para bateres com os cornos na primeira parede que encontrares pela frente, deixando toda a tua herança a alguém que fará tudo que já referi e ainda comprar uma merda dum SMART. O que quero realmente saber é se já alguma vez tiveste amigos? Não meia dúzia de idiotas que fazem de tudo para embebedar à hora marcada, dizer meia dúzia de porcaria e acabar a noite como bebés chorões a cantar as músicas mais deprimentes alguma vez escritas. Amigos, na minha óptica, vem, isto sim, em pacotes de 2 ou 3. Eles dão notícias de tempos a tempos, perguntam-te como estás e realmente esperam para ouvir a resposta. Eles são frontais e honestos, abrem os teus olhos para a realidade, e, acima de tudo, sabem quando tu mais precisas deles. Não sei se sou um felizardo ou apenas mais um ignorante que não quer enxergar. Não sei porque é que estou a escrever este texto a esta hora da manhã. Talvez seja por estar aborrecido, por não ter aulas ou simplesmente por ter saudades de casa. Confesso que está um texto digno de um analfabeto, mas embora seja simples, básico e irregular, é sincero. Meus amigos, meu refúgio.

Wednesday, September 27, 2006

Caldeira

Estava no sítio do costume. Sentado naquela mesa de madeira, gasta pelos ínfimos encontrões de zangas diversas, conseguia ver a totalidade daquele lugar, que, ao contrário de muitos outros, cheirava a poncha de laranja apanhada há dias e não a vício de nicotina constante que mata as suas vítimas lentamente. Hoje uma tosse, amanhã uma curta dor no peito, até que um dia passamos para um lugar como este. Um lugar onde não somos lembrados. Cada cara é nublada, embora nitidamente visível a quem, por uns breves instantes, olhe com olhos ingénuos e não egocêntricos. Ao meu lado estava sentado um homem baixo, barrigudo, careca e com uns fundos óculos graduados. Ele olhava para o nada, como alguém que tenta a todo o custo esconder do mundo alheio a porta da sua alma. Sempre considerei que os nossos olhos contam todos os nossos segredos. Evito o contacto com os olhos de outrem porque os meus enigmas são tão difíceis de recalcar que qualquer um vê a minha transparência. Os olhos dele, não obstante a sua idade avançada, eram jovens e com esperança. Havia tristeza descontraída e resignação evidente. Sentei no meu canto a beber uma cerveja regional. Odeio cerveja, aliás, odeio álcool em geral, não pelo gosto a nada que deixa na minha boca, mas sim pelo gosto de sofrer. Olhando para aquele corpo vulnerável, comecei a questionar como é que eu seria quando envelhecesse. Como é que eu seria quando a única coisa que me restasse era esborrachar-me na minha fiel cadeira de há anos e pensar em tudo que fiz ao longo da minha vida. Será que vou gostar do que fui? Será que vou arrepender-me de algo que fiz ou será que o verdadeiro tormento irá ser lembrar-me de tudo que não disse? Será que essas pessoas irão saber o quão importantes eram para mim? Sentado nesta cadeira oca, como eu, recordo-me do que sou. Olá, sou o Filipe, quero ser Realizador de Cinema e quero ajudar a desenvolver o meu país. Sonhos temos muitos ao longo da vida, mas são raros os que se concretizam. O homem, desorientado, levanta-se, enfim, da cadeira húmida e dirige-se para a porta com um espanta-espíritos a sobrevoá-la. A mínima brisa liberta um som gélido e metálico, digno do estado mórbido que é este momento. O frio lá fora torna cada alma uma fonte de calor ambulante. Juntos parecem uma grande caldeira de vapor que inspira-me e não deixa a minha chama apagar-se. São cinco da manhã. Empregados cansados e desgastados recolhem loiça suja de alimento corporal enquanto contam centavos ferrugentos deixados como gorjeta. Está na hora de ir embora. Ao olhar para o mundo que me espera, sinto relutância em sair daqui. Pego no meu casaco e no meu cachecol e dirijo-me para a rua. Estava a meio caminho quando sinto uma mão quente no meu ombro. Ao virar-me reconheço de imediato aquela figura mística e tão pouco admirada. Agarro a sua mão e ele guia-me para uma porta com a palavra PARTICULAR escrita em letras prateadas. Das bordas saía uma luz que quase me cegava. Sabia o que esperava-me. Havia chegado o meu dia. Pela primeira vez vou ter paz. Apaga-se a luz. Estou no vazio. Tranca-se a porta atrás de mim. Esta é a minha nova etapa. Bem vindo à morte.

Monday, September 25, 2006

Coisas Que Irritam-Me Profundamente

Eu sou um dos maiores chatos do mundo. Até posso dizer que sou a pessoa mais irritante que existe. Sou tão irritante que se pudesse tirava umas férias de mim próprio. É uma ideia porreira, mas como sou novo, ainda vou ter que aturar-me a mim mesmo durante algum tempo. O que as pessoas não sabem é que até os irritantes se irritam. É isso que vou provar já de seguida. O que será que irrita o Phil profundamente?

Coca-Cola Sem Gás

Na Arábia Saudita as pessoas são presas simplesmente por se masturbarem. Nós aqui no Ocidente como queremos ter “a mente aberta” deixamos as pessoas andar por aí a servir coca-cola (ou o seu alter-ego, pepsi) sem gás! Sempre que ando de avião tenho o dissabor de beber o verdadeiro néctar dos deuses sem o tão precioso gás que tanta alegria traz às minhas banhas. Como todas as linhas aéreas fazem o mesmo, só podemos concluir que foram treinados por algum maricas com a mania das dietas. Irritante é apelido.

Mulheres Feias Com Mania Que São Boas

Sou pacífico por natureza, mas por vezes passo-me! Ouvi dizer que um bando de idiotas anda por aí a dizer que o importante é o que temos por dentro. O pior é quando somos constantemente interceptados por miúdas, perdão, gajas (!) que, mesmo sendo feias, andam por aí como se tivessem o rei na barriga! Para além de serem horríveis fisicamente, insistem em ter uma personalidade como as miúdas atraentes – autenticas bruxas. Evite estas minas explosivas e investe em raparigas com síndrome de patinho feio: raparigas que eram feias na infância e por isso só desenvolveram a personalidade. Agora que cresceram são giras. De milénio em milénio conhecemos uma moça com a embalagem toda: bonita e com sentido de humor, só que como todas as mulheres tem defeitos, conta com um dedo mendinho fora do comum ou pelugem facial pouco generosa.

Discotecas

Deviam ter todos nomes como Talho Bar ou Bois e Vacas Inc. Para além da música ser digna de qualquer azeiteiro com Fiat Uno equipado à piroso, as raparigas são do mais rasco que existe. Posso dizer que conheço, pelo menos de vista, todas as meninas da minha faculdade. Contudo, sempre que vou à disco com a malta, vejo fêmeas que de dia mais parecem autênticas gatas borralheiras. O efeito cinderella está ao rubro nestas chaminés de fumo de cigarro e onde as hormonas e os jogos de sedução andam à solta. De conto de fadas só o carro dos namorados delas que mais parecem abóboras ambulantes! Já pensaram em conhecer miúdas num lugar um pouco mais iluminado?

Turmas Com 90% De Raparigas

Eu adoro raparigas. O que não gosto é das intrigas delas! Em dois anos de Coimbra, já registei 37 casos de ciúmes, 53 casos de inveja moderada e 376 de interesse. Podes ter a certeza que as ninas tem conversas muito mais ousadas que as nossas e, para quem dizia que elas não pensam em sexo, é melhor mudar de ideias... davam óptimas realizadoras de filmes porno.

Gostar de Alguém

Porquê comentar? Haverá alguma coisa pior que andar pelos cantos a suspirar por alguém que de certeza não gosta de nós e/ou tem namorado? Nós homens somos resistentes e gostamos de ter controlo sobre tudo. Quando atingimos o equilíbrio, aparece um rabo de saias que vira as nossas cabeças por completo. Chapéu! Pareces um idiota total e o único desejo do pessoal é dar-te um murro para tirar esse sorriso estúpido da tua cara! Cura para isso? Pá, a curto prazo – álcool – não resulta muito bem por isso como alternativa – fazer coisas radicais – parte algo porque a dor vale muito a pena!

Chegou ao fim a primeira parte de Coisas Que Irritam-Me Profundamente. Quando tiver vontade de praguejar mais um pouco podem contar com uma sequela. Até lá, fiquem bem e não se irritem!

Monday, September 18, 2006

Principe de Betão

O tempo passa sempre a voar
Nem dá espaço para um gajo ressonar
Parece que foi ontem que cheguei à ilha
Vou pá merda mais cedo que queria

Um preto pode chamar um preto, preto
Mas um branco não pode chamar um preto, preto
Porque será que somos tão “racistas”?
Tipos de fato que querem tudo às mistas!

Raiva dos sacanas que governam o sistema
Pensam que a rima é um simples teorema
Acham que não vibro com tinta no papel
Curtia vê-los no inferno, descidos de rappel

Viver no limite é tudo neste mundo
Por vezes mais valia um puto nascer surdo
A corrupção é a palavra do dia
Semana, mês, ano, mais seria

Porquê lutar contra as tropas do cacau?
Porquê viver aqui sem fazer cara de mau?
Comédias e Dramas são o mesmo entretenimento
O palco é uma farsa na Cidade do Conhecimento

Não aos charros, não ao fumo
Não ao álcool, tudo isto eu assumo
Se não viveres com a cabeça bem ciente
Estarás num mundo onde não ganha quem não mente

Confia em nada nem em ninguém
Deves pensar que tudo corre bem
Só Deus é que sabe o melhor para nós
É pena ninguém querer ouvir a voz

Curte a vida enquanto estás cá
Nunca saberás quando passares para lá
Não sejas cromo, não sejas banal
Sê criativo, tens dom para tal

A estrofe derradeira é sempre a que fica
Nos poemas dos outros, nos meus nunca estica
Nada que eu faço é em vão
Tudo que digo é de coração

Wednesday, September 06, 2006

Absinto

Tudo em um dia quando sento no meu canto
Cabeça contra a mesa encoberto por um manto
Cheiro a absinto, o meu hálito é de morte
Ninguém acredita que um dia já fui forte

Prefiro iludir-me com promessas de uma vida
Sempre esperei que fosses a saída
Partiste num dia de sol sufocador
Nem esperaste para ver se realmente era amor

O certo é a distância. Quem não vê já não sente
Volto à normalidade. Progrido lentamente
Sofrer é proibido. Ainda não mas falta pouco
Não há homem nesta vida que já não deu em louco

Erros todos fazemos. Os homens exageram
Para o nada vivo sempre. Agitados os que esperam
A noite é doce mel numa boca deslavada
Deus abençoe quem na vida não vê nada

Pretérito Imperfeito

Tropeço numa carta escondida pela alma
Revejo-me no sufoco até perder a calma
Águas flamejantes gelam a mouraria
Velas sempre acesas são só fantasia

Vivo numa ilha rodeada por vulcões
O Bispo lá da terra não desiste de sermões
O Palácio de Cristal é de vidro realmente
Manipulados pela vida tudo que se sente

A casa dos meus sonhos é de ferro e de aço
Rastejar é proibido. Caminho sempre a passo
Multo todo aquele que desiste de um sonho
Prefiro acreditar só na desgraça que eu ponho

Mundo que te vejo e que sabes que existo
Nação que já não vibra, lembra sempre disto
Ergue-te pró céu, não és simples mortal
Saiba que o bem segue sempre após o mal

Friday, March 10, 2006

Fusão não entendida

Há muito que desisti dos preconceitos. Desde o momento em que a probabilidade de eu ver um filme que realmente me satisfazesse atingiu a escala de 1 em cada 10, que resolvi confiar apenas na minha própria análise. A crise hollywoodiana chegou ao ponto de copiar, cada vez mais rascamente, grandes sucessos do passado. A ideia de que o cinema está a progredir em termos de qualidade apenas me faz sorrir de uma forma sarcástica e diabólica. Hoje, e quando questionados sobre que filmes que mais apreciam, sinto-me cada vez mais suicida. O facto de ninguém apreciar cinema de análise faz com que deseje que me caia um piano em cima, quebrando todos os pequenos elos de ligação corporais a que chamam de ossos. Desejo aniquilar a base financeira mundial como em Fight Club. Quero liquidar a totalidade dos adeptos do Manchester United no seu próprio recinto. Quero vender sabão a mulheres ricas, confiadas e snobistas feito das suas próprias gorduras retiradas por lipexpiração. Quero revolucionar o sistema mas não mo deixam. Críticos teimam em subestimar-me, deixando-me apodrecer. Tenho blackouts constantes causados por borboletas, cancros inexistentes e códigos indecifráveis. Um dia passa lentamente após o outro. A guerra dos mundos não chega. Esperava, espero e esperarei. A odisseia já não será no espaço, mas sim num cubo claustrofóbico a que chamamos mente.